Rendimento fixo na Europa…. se colocarem no Google vai aparecer uma série de links para bancos, Proteste, mas nada que tenha a ver com o que realmente eu procurava. Hoje no Público vinha este artigo sobre um referendo que vai haver na Suiça sobre atribuir a cada cidadão, adulto ou criança, um rendimento fixo que permita uma vida digna a toda e qualquer pessoa. No artigo o jornalista apenas refere que o Governo suíço defende que esta medida vai convidar as pessoas a não trabalharem. Mas isto tem muito mais para ser dito e pensado….

Apesar de, em Portugal, o tema não ser falado, tem sido alvo de interesse na Europa (Finlândia, Holanda e França), e em Abril deste ano foi apresentado o 1º estudo sobre o que os europeus pensam sobre esta temática.

No questionário o rendimento fixo (ou básico “basic income”) é definido como “rendimento incondicionalmente pago pelo governo a todo e qualquer individuo quer esteja, ou não, a trabalhar e quer tenha, ou não, mais fontes de rendimento. Este rendimento substitui quaisquer outros pagamentos sociais e será suficientemente alto para cobrir as necessidades básicas (comida, habitação, etc).

64% dos inquiridos votariam a favor desta opção. Apenas 24% disseram que votariam “não”.

Uma das curiosidades dos resultados tem a ver com a relação entre o conhecimento do conceito e a opinião acerca do mesmo. Quanto mais conhecimento têm do conceito mais votam a favor. Os que menos conhecimento têm votam, tendencialmente, contra.

Engraçado é também olhar para os efeitos que as pessoas pensam que esta medida irá provocar nos outros e quais os efeitos em si próprio:

Enquanto que apenas 4% respondeu que deixaria de trabalhar (34% admite que não afectaria em nada as suas opções de trabalho),  olhando para os outros, 43% acha que incentivaria o deixar de trabalhar.( Na realidade fazemos sempre juízos de valor precipitados relativamente ao que “os outros” fariam.)

Este movimento começa a ser “mainstream” e começa a ter bastantes apoiantes: 60% em França, 67% na Finlândia e 72% na Catalunha.

No Canadá, a província de Ontario já está pronta para testar o Rendimento Básico. É parte da estratégia para reduzir a pobreza e tornar a sociedade mais segura. O Governo de Ontario está muito preocupado com a natureza precária do mercado laboral (entre 1997 e 2015 o trabalho temporário e o part-time aumentou duas vezes mais que o trabalho a tempo inteiro). Já há rumores que o Quebec siga o exemplo.

O que muitos dos inquiridos respondem quando questionados sobre o que fariam se tivessem acesso ao Rendimento Fixo, não é mais do que as ambições que todos nós temos e que são justas e demonstartivas de uma sociedade que está cansada de ser “escravizada” pelo mercado de trabalho:

34% diz que não afetaria as escolhas de trabalho

15% passaria mais tempo com a família

10% iriam ganhar novos “skills” (numa área que gostem e que não tiveram oportunidade)

7% fariam mais voluntariado

7% Procurariam um novo trabalho

7% trabalhariam menos

5% trabalhariam como freelancer

4% (em último lugar) parariam de trabalhar

Ninguém se sente bem a sobreviver, e tendo esta ajuda que permite uma vida digna a todas as pessoas, acredito que as pessoas não deixariam de trabalhar. Quando alguém não tem perspectivas, quando está à margem da sociedade, sobrevive com um ordenado de miséria é óbvio que as forças e a motivação para trabalhar não sejam muitas, não concordam? Se as pessoas se virem respeitadas, com uma vida digna, não ambicionarão uma vida melhor? Se todos tivermos mais, haverá mais consumo,  a economia ganha, e todos viveremos melhor.

O que acham deste conceito? Afinal a sociedade somos todos nós, e quando a maioria não vive, sobrevive, em condições que não são dignas,não podemos melhorar a sociedade?

Eu quero acreditar que sim!

 

Para quem quiser saber mais:  http://www.basicincome.org/

 

3 thoughts on “Alguém tinha ouvido falar disto?

  1. Infelizmente já ouvi da boca de algumas pessoas que ganham o rendimento minimo e o fundo de desemprego que não querem arranjar trabalho para ganhar o mesmo ou até um pouco mais…
    Obviamente não estou dentro do que seria o rendimento básico… seria para todas as pessoas?mesmo os que ganham razoavelmente? fará sentido?
    Talvez concorde mais com o rendimento minimo que se pratica em Portugal mas com uma revisão exaustiva de quem deve mesmo ter direito a recebe-lo… de quem precisa mesmo…

    Realmente terei que ler melhor sobre o assunto para poder “votar”…

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  2. O tema não é consensual mas acredito que, com bom senso, seria uma forma de todos terem uma vida digna. Para nós é dificil ouvir que mais vale receber o rendimento mínimo mas se depois fores ver as perspectivas, o meio envolvente….não há esperança, não há a luzinha ao fundo do túnel para uma vida melhor…..e acho que isso acaba, mata, qualquer tipo de vontade em fazer melhor. O problema do nosso país é que o dinheiro não abunda….por alguma razão isto está a ser iniciado por países ricos…. mas dá que pensar se não seria uma maneira para um mundo melhor!

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  3. Ainda tenho alguma dificuldade em acreditar!…Infelizmente concordo mais com a Cristina, já assisti a esse tipo de situações, pessoas que preferem ficar em casa a ir trabalhar para ganhar apenas o ordenado mínimo. E muitas vezes pessoas que ainda não têm filhos, ainda estão na casa dos pais! Mães que ganham pouco pelo fundo de desemprego mas que, mesmo assim, pagam ATL a tempo parcial para os seus filhos para assim conseguirem ir para a praia!! Mas também muitas pessoas que recebem o fundo de desemprego ou o rendimento mínimo mas que trabalham na “economia paralela”, sem emitir faturas…sinceramente, custa-me pagar tantos impostos porque tantos outros não os pagam. Há quem diga que, mesmo que todos pagássemos, o governo não iria reduzir a carga fiscal a que estamos sujeitos e que ninguém percebe bem para onde vai…pelo menos eu não percebo… Neste caso, já prefiro acreditar que não seria assim, prefiro acreditar que com uma carga fiscal menos pesada, todos conseguíssemos oferecer e proporcionar melhores condições de trabalho e de vida aos que nos rodeiam.
    Nos países ricos essa realidade (rendimento fixo) até pode fazer sentido mas num país com o nosso? Talvez num futuro muito longínquo…

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